A experiência da MaxCasa com a parede de concreto
Com a publicação da norma NBR 16.055 – Projeto e execução de paredes de concreto moldadas no local, o sistema ganha destaque como uma opção rápida e competitiva, possibilitando as construtoras, cumprir suas metas de prazo, de custos e qualidade nos seus empreendimentos. Uma boa alternativa técnica para o mercado.
O programa do governo Minha Casa Minha Vida tem sido um importante alavancador para disseminação deste sistema. Mas também o mercado imobiliário tradicional já vem utilizando esta opção construtiva, principalmente em prédios altos (acima de 18 pavimentos), tendência que deverá se consolidar ainda mais nos próximos anos.
A empresa MaxCasa, desenvolvedora e detentora da marca MaxHaus, com sede em São Paulo, tem utilizado o sistema parede de concreto na construção de seus empreendimentos em várias regiões do pais, de forma destacada. Nesta entrevista exclusiva, o engenheiro Luiz Henrique de Vasconcellos, diretor de Engenharia da Maxcasa, profissional de profunda experiência no assunto, fala sobre o tema.
Luiz Henrique de Vasconcellos, diretor de Engenharia da Maxcasa
Fale um pouco sobre a sua empresa e o conceito do produto MaxHaus.
Luiz Henrique de Vasconcellos – A Maxcasa começou suas atividades em janeiro de 2007, com a finalidade de criar e desenvolver o produto que denominamos MaxHaus, um apartamento de 70 m2 de área privativa com o conceito de arquitetura aberta, pensado e desenvolvido para dar flexibilidade ao apartamento, onde a pessoa pode criar quantos cômodos quiser. As pessoas tem necessidades diferentes e também valorizam os espaços de modo diferente, além das necessidades de espaços também se alteram ao longo da vida da pessoa, e MaxHaus foi criado para atender este anseio de customização das unidades, onde esta pode ser feita sempre por complementação, sem necessidade de destruição do anterior.
Por que a escolha do sistema parede de concreto? Quando aconteceu a primeira obra?
Luiz Henrique de Vasconcellos – O sistema de parede de concreto foi concebido quando da criação do projeto, e nossa primeira obra que teve início em outubro de 2008 já contemplava este sistema.Fomos buscar uma tecnologia utilizada com sucesso em diferentes países, principalmente para edifícios de grande porte, e este sistema de formas trepantes por nós utilizado nos proporciona uma grande precisão geométrica e dimensional, com desvios mínimos de prumo, nos permitindo ainda ter todas as paredes externas acabadas para pintura ou então para receber o acabamento final através de algum sistema especial, sem necessidade da fase de revestimento externo em argamassa. Isto representa redução do prazo final de obra e logicamente redução da necessidade de mão de obra no canteiro.
Quantos prédios e quantas unidades já foram concluídas e em que cidades?
Luiz Henrique de Vasconcellos – Até hoje já concluímos a estrutura de concreto de 30 edifícios, sendo que 20 deles já foram entregues aos proprietários, e temos outros 12 edifícios com estrutura de concreto em execução ou com empreendimento em fase de lançamento ou de projetos. Hoje temos empreendimentos em São Paulo, Porto Alegre, Campinas, Praia Brava em Santa Catarina e estamos estudando outras praças, fato que mostra que as características do produto se aplicam em diferentes praças.
Falando agora do sistema parede de concreto, atendeu as suas expectativas? Por que?
Luiz Henrique de Vasconcellos – Nosso sistema compreende as paredes externas em concreto, com núcleo central também contendo grandes pilares ou paredes, e não temos vigas internas de modo a dar maior flexibilidade de lay outs, atendendo assim a necessidades de nossos clientes. Nosso edifício é calculado como pórticos tridimensionais, e temos uma rigidez global maior da estrutura, reduzindo assim uma série de patologias pertinentes ao sistema convencional.
O sistema tem uma plataforma de trabalho para montagem das paredes, e outra logo abaixo para reparos e acertos do acabamento final, nos permitindo assim fazer as correções necessárias com o concreto ainda fresco, reduzindo drasticamente as patologias inerentes ao revestimento externo.
Por não termos a necessidade do revestimento externo e de não necessitarmos de prazo para fazer as paredes externas de alvenaria, conseguimos reduzir significativamente o prazo de obra, tendo um ganho bastante significativo no resultado do empreendimento como um todo.
Nas últimas medições realizadas, utilizando os índices atuais de produtividade do mercado, constatamos que estamos trabalhando com uma redução de 35% a 40% de mão de obra, um grande problema atual do mercado, que também nos afeta, mas de modo bem mais reduzido do que vemos atualmente em outros canteiros. Medições realizadas recentemente em diversos de nossos empreendimentos nos mostrou um desaprumo máximo de 5 a 7 mm em edifícios de 20 andares, nos dando mais uma vez a certeza de nossa decisão em adotar este sistema.
Este sistema já está consolidado na sua empresa?
Luiz Henrique de Vasconcellos – Tivemos um trabalho grande para o desenvolvimento e aplicação correta do sistema, pois o mesmo não se resume simplesmente à forma, e houve a necessidade de desenvolvimento conjunto com diversos fornecedores cujos produtos também pertencem ao sistema, como por exemplo gabaritos de janela, frisos que aplicados à forma já estarão fazendo parte da parede acabada, argamassa de correção do acabamento externo, concreto que passou a ter outras necessidades adicionais etc…
Parte de nossas obras são terceirizadas, e esta metodologia desenvolvida pela Maxcasa vem sendo aplicada com sucesso por diferentes construtores, e hoje temos totais condições de repassar e treinar as equipes de produção de diferentes construtores para a aplicação correta do sistema.
No ano passado fizemos nosso Io. Encontro MaxHaus de Engenharia Aplicada, onde as melhores práticas e metodologias utilizadas foram apresentadas e debatidas por todos, com a presença do corpo de engenharia e também de diversos Mestres de Obras de diferentes empresas, e hoje temos vários manuais já desenvolvidos, consolidados e com sucesso na aplicação em diferentes obras de diferentes cidades.
Em 30/jan/2013 faremos nosso 2º Encontro MaxHaus de Engenharia Aplicada, e debateremos mais uma vez a evolução do sistema, bem como as melhores práticas dos canteiros, uniformizando mais uma vez os procedimentos pertinentes ao sistema.
Com o número de unidades já concluídas, vocês já realizaram alguma pesquisa de satisfação dos usuários, com relação ao sistema em questão?
Luiz Henrique de Vasconcellos – O sistema por nós utilizado não gerou qualquer questionamento por parte de nossos clientes, e nos empreendimentos já entregues este fato também não gerou qualquer desconforto ou insatisfação aos mesmos.
Você acredita que outras construtoras irão seguir o exemplo da MaxHaus?
Luiz Henrique de Vasconcellos – Usamos pela primeira vez esta tecnologia em edifícios residenciais no Brasil, e hoje já vejo algumas companhias, principalmente de grande porte, usando esta tecnologia também em edifícios comerciais para execução do núcleo central do edifício, sendo o restante executado com parte em estrutura metálica.
Algumas destas empresas que hoje utilizam esta tecnologia visitaram nossos canteiros para conhecer o sistema, sua praticidade e produtividade, e a própria utilização pelas mesmas posteriormente nos dá a certeza dos ganhos que o sistema proporciona.
Esta tecnologia exige uma preparação do corpo técnico, tanto de execução como de planejamento, para a utilização da mesma e exige também um grande trabalho de planejamento da produção e do canteiro de obras, por ter a obrigatoriedade da utilização de gruas de grande porte que movimentam grandes painéis.
Algumas recomendações especiais para quem for utilizar este sistema, na sua visão?
Luiz Henrique de Vasconcellos – Toda implantação de um novo sistema requer uma avaliação prévia e preparação da empresa para a adoção do mesmo. Temos que avaliar também a real capacidade da empresa em replicar este sistema, estabelecendo as diretrizes e metodologia de treinamento a ser implantada, criando seus manuais de aplicação e de treinamento.
Devemos sempre estar preparados para mudanças na nossa cultura de construção, e as equipes devem ser treinadas para poderem transmitir estes novos conhecimentos a seus pares de forma rápida e segura.
A grande rotatividade existente nas equipes técnicas das empresas, bem como das equipes de condução das obras, vem atrapalhando bastante não só a consolidação da cultura de construção atual das empresas, como também a implantação de novas tecnologias, razão pela qual devemos ter registro de modo bastante seguro da evolução e desenvolvimento desta nova tecnologia, permitindo assim que erros acontecidos no passado não se repitam.
Não corre o risco de todos os empreendimentos ficarem sempre iguais?
Luiz Henrique de Vasconcellos – O produto é sempre o mesmo, construído com a mesma tecnologia, mas desenvolvemos metodologia para vesti-los de diferentes maneiras, de modo que cada empreendimento seja único.
Como você avalia a iniciativa de criação do Núcleo Parede de Concreto?
Luiz Henrique de Vasconcellos – Acho excelente por permitir uma grande troca de conhecimentos que proporciona a todos ter uma evolução muito rápida neste sistema. Esta troca de conhecimentos traz a todos os profissionais participantes um grande crescimento profissional e nos permite acesso as melhores práticas de construção e de procedimentos já testadas e aprovadas por outros.
* Luiz Henrique de Vasconcellos é engenheiro civil formado pela Universidade Federal de Juiz de Fora em 1979. Dedicou toda sua carreira ao setor de construção civil no mercado imobiliário, ocupando nos últimos 18 anos cargo de diretor de engenharia em empresas de grande porte, públicas e privadas, tendo vasta experiência em desenvolvimento e implantação de novas tecnologias e metodologias de construção.