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Os sinais do mercado imobiliário
Em meio a um miniboom no setor, empresas e especialistas avaliam a sustentabilidade do atual momento
Foto (alto): Edifício Arti Perdizes, da Cyrela
Uma série de fatores conjugados vem colocando o mercado imobiliário entre os setores produtivos mais bem-sucedidos do país, apesar da pandemia de Covid-19 e seus efeitos sobre a economia. Entre esses fatores “positivos” estão os juros baixos, a oferta de crédito imobiliário e o trabalho em regime home office, que gerou um novo olhar sobre o papel da moradia. Esse bom momento do mercado imobiliário se contrapõe à crise iniciada em 2015 e ao baixo desempenho do setor até 2019, quando a taxa básica de juros (Selic) inibia a tomada de empréstimos. O período foi marcado também pela instabilidade política, que afetava o comportamento dos consumidores e investidores.
Em entrevista à revista Época Negócios, Marcello Romero, CEO da Bossa Nova Sotheby’s International Realty, qualificou o momento do mercado imobiliário, principalmente de alto padrão, como um miniboom, que deve se manter nos próximos anos. Segundo ele, a pandemia fez as pessoas repensarem o modo de viver e a moradia. “A demanda pela compra de imóvel começou a se mostrar maior do que a oferta. Além disso, há crédito imobiliário e os juros são baixos, mesmo que a Selic chegue ao final do ano entre 5% e 6%”. Embora considere o movimento sustentável, ele alerta que um fator de risco pode ser a pressão inflacionária no setor e os efeitos sobre lançamentos.
A avaliação do executivo é plenamente comprovada pelo volume de recursos colocado no mercado nos últimos dois anos. Em 2020, os bancos liberaram R$ 124 bilhões, 57,5% a mais que no ano anterior. No primeiro trimestre de 2021, os financiamentos imobiliários deram um novo salto, desta vez de 113% na comparação com o mesmo período de 2020. Segundo a Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança), as operações entre janeiro e março chegaram a R$ 43,1 bilhões, com 187,6 mil unidades vendidas, um recorde.
Em reportagem do UOL Economia, a presidente da entidade, Cristiane Portella, destacou que, além de uma redução importante na taxa de juros, há um grande déficit habitacional no país, e portanto uma demanda a ser atendida. A avaliação é de que, mesmo com a alta dos juros e a escalada dos preços de materiais de construção, a expansão do setor imobiliário deve continuar nos próximos meses.
A Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) tem visão parecida. A entidade estima que a venda de imóveis deve crescer cerca de 35% em 2021, contra surpreendentes 26% de crescimento em 2020, conforme dados da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). Em entrevista à Jovem Pan, registrada pelo site IG Economia, o presidente da Abrainc, Luiz Antonio França, previu que mesmo sob lockdown ou recrudescimento dos protocolos sanitários, os números não devem ser afetados.
Perspectivas para 2022
Em um ano marcado por eleições, o mercado imobiliário deverá ser um dos poucos com perspectivas de melhoria em 2022. Isso porque a procura por imóveis maiores, com espaços para home office, tem sido a principal escolha dos consumidores. E morar perto do trabalho também não é mais uma das maiores preocupações na hora de escolher uma nova propriedade.
Eduardo Luís, CEO da Epar Business Expert, uma das maiores empresas de gestão de contratos imobiliários do país, acredita que o próximo ano será desafiador, mas com grandes chances de um bom desempenho. “Mesmo com o aumento do número de desempregados no país nos últimos meses e a constante baixa nas projeções para a recuperação econômica nacional, o mercado imobiliário, que já vem apresentando recuperação este ano, deve se manter aquecido durante o ano de 2022.” Em artigo publicado no site da empresa, ele aponta algumas tendências que devem se manter no futuro próximo, como o aumento de projetos sustentáveis, que utilizem energias limpas e renováveis, a busca por tecnologias construtivas que ofereçam maior agilidade e cumprimento dos prazos e recursos digitais para agilização dos negócios.
Avaliação otimista do mercado é feita também por Cassia Castro, sócia da Eixo Inteligência Imobiliária, para quem a pandemia trouxe transformações tecnológicas importantes ao setor em relação a agilidade e controle de prazos, custos e resultados. Daí os incorporadores terem aumentando suas metas de lançamentos e investido em tecnologias para conter a alta de preços de insumos, como maior uso do BIM (Building Information Modeling e projetos sustentáveis.
De acordo com Cassia Castro, em entrevista dada ao caderno de Imóveis do Estadão, algumas tendências podem ser constatadas no mercado incorporador de São Paulo: alta de até 40% no valor do metro quadrado construído; queda de lançamentos de estúdios de 30 m², devido à consolidação do home office e o desinteresse por morar próximo ao trabalho (maior procura por apartamentos de 60 m² a 120 m²); maior interesse por terrenos de 2000 a 4000 m², em detrimento de terrenos menores; maior foco nos projetos de alto e altíssimo padrão com inovação arquitetônica; e mais lançamentos de condomínios de casas, inclusive residências dedicadas à população na terceira idade.
Fontes:
Época Negócios: https://epocanegocios.globo.com/Economia/noticia/2021/04/estamos-vivendo-um-miniboom-no-mercado-imobiliario.html
E2par: http://www.e2par.com/tendencias-do-mercado-imobiliario/
Imóveis Estadão: https://imoveis.estadao.com.br/noticias/10-tendencias-do-mercado-imobiliario-para-2021/
Economia IG: Fonte: https://economia.ig.com.br/2021-03-03/mercado-imobiliario-cresce-26-na-pandemia-e-preve-mais-aumento-em-2021.html