Perspectivas para o mercado imobiliário
Construção sente pressão dos custos e da falta de matérias-primas, mas mercado imobiliário segue aquecido
Após quase dois anos de restrições sanitárias, devido à pandemia de Covid-19, ainda é grande o nível de incerteza sobre o futuro da construção civil no médio prazo. Se a construção civil sente a pressão da inflação e da falta de matérias-primas, o mercado imobiliário celebra números positivos, que deixam para trás a recente crise (2015-2019).
Os últimos dados da Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias), entidade que reúne 57 incorporadoras nacionais de grande relevância, mostram que o mercado imobiliário melhorou seu desempenho no período 2020-2021.
Segundo o Indicador Abrainc-Fipe de outubro, houve uma alta de 69,5% no número de lançamentos e de 12,8% nas vendas, em relação a 2020, no trimestre móvel de maio, junho e julho de 2021 (o último apurado). E nos sete primeiros meses de 2021, o volume de imóveis lançados foi 58,7% superior a 2020.
O presidente da Abrainc, Luiz França, diz que “o setor segue consistente” e o horizonte “é de crescimento”. Mas em outubro a entidade realizou o Fórum Brasileiro de Incorporadoras para debater as perspectivas para 2022. “Hoje, o mercado imobiliário vive um grande momento, mas o futuro deve ser planejado e seus riscos, avaliados. Por isso, toda a análise de como a economia se integra com a construção civil é muito importante”, disse França.
Médio e alto padrão
Enquanto a economia patina nas decisões políticas, as empresas vão se posicionando no mercado, com destaque para o segmento de alto padrão, que segue aquecido. Segundo a própria Abrainc, o desempenho do segmento residencial de médio e alto padrão destacou-se pelo aumento expressivo de lançamentos: no último trimestre móvel, cresceu 477,7% sobre o mesmo período de 2020 (117,1% em 12 meses). O momento favorável é acompanhado pelas vendas: alta de 41,7% em relação a 2020 – aumento de 23,8% no acumulado em 2021 e de 16,8% nos últimos 12 meses.
Indústria da construção
Já a indústria vem alternando altos e baixos de desempenho durante todo o ano de 2021, segundo a CNI (Confederação Nacional da Indústria). Em relação à indústria da construção, especificamente, o nível de atividade em setembro avançou, mas o nível de emprego voltou a recuar. O principal problema do setor é a falta de insumos e o alto custo das matérias-primas, que afetam mais da metade (54,2%) das construtoras. A subida da taxa de juros também é um problema, segundo a CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), em sua Sondagem da Indústria da Construção.
Programa Casa Verde Amarela (CVA)
Os empreendimentos do Programa Casa Verde Amarela (CVA), embora sejam maioria absoluta do mercado residencial, mantiveram sua representatividade entre os lançamentos (74,8%) e as vendas (82,7%) nos últimos 12 meses. Em termos de unidades lançadas, o segmento cresceu 6,2% no último trimestre móvel, 22,2% no acumulado do ano e 19,8%, nos últimos 12 meses. Já em relação às vendas, estas subiram 8,9% no último trimestre móvel, 18,5% no ano e 28,4% nos últimos 12 meses, segundo a Abrainc.
Recursos financeiros
Parte importante do negócio, o crédito imobiliário foi um fator positivo no período. Os financiamentos imobiliários com recursos do SBPE foram de R$ 17,85 bilhões em set/2021 (38,2% maior que em set/2020), segundo a Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança). De out/20 a set/21 (12 meses), o montante financiado somou R$ 199,86 bilhões (810,97 mil unidades), alta de 94,5% em relação a out/19 a set/20. E no ano de 2021 (jan/set), o SBPE financiou 663,25 mil imóveis, 137,7% mais que no mesmo período do ano passado.
Fonte: Abecip
Cenário construtivo brasileiro
Está em curso o que pode ser o mais completo mapeamento dos setores de engenharia e incorporação das construtoras e incorporadoras do país. A pesquisa “O Cenário Construtivo Brasileiro 2021”, iniciativa da Thorus Engenharia, Brain – Inteligência Estratégica e Sienge, com apoio da Abrainc, busca responder “Como as construtoras e incorporadoras estão enfrentando os desafios de 2021?” O estudo é nacional e trata das melhores práticas e desafios de operação dos setores de engenharia e incorporação. A pesquisa foca em temas como: BIM, Norma de Desempenho, tecnologia e inovação, gerenciamento de obras, inflação dos insumos e mercado imobiliário.
Fontes