Concreto e sistemas de formas para edifícios altos
Concrete Show Digital Series traz painel sobre os dois principais focos do sistema parede de concreto
Fotos: Divulgação
A pandemia de Covid-19 colocou de vez em pauta os eventos on-line. A Concrete Show entendeu bem esse cenário e vem promovendo uma série de palestras gratuitas neste formato, especialmente pela Concrete Show Digital Series.
No dia 25/08, uma dessas palestras tratou do tema “Paredes de Concreto em Prédios Altos”, com destaque para o painel “Avanços dos sistemas de formas e a qualidade do concreto autoadensável”. Dois convidados trataram do tema: Luís Alberto Borin, engenheiro civil ligado à Abesc (Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Concretagem), e Rafael Desterro, engenheiro mecânico, gerente comercial da SH Formas.
Formas
Os edifícios altos estão em alta (com o perdão do trocadilho) e com eles o sistema parede de concreto. Rafael Desterro começou sua explanação citando algumas obras emblemáticas desse porte, atendidas pela SH: um edifício de 64 pavimentos em Santa Catarina, outro de 28 andares em Minas Gerais e um empreendimento de 22 andares na Bahia. “As empresas optam por prédios cada vez mais altos porque os terrenos estão ficando mais caros. Daí a verticalização. E a parede de concreto é um sistema bastante viável para essa tipologia”, disse.
Desterro deu dicas importantes para o melhor uso das formas e o resultado final da obra. Pontos importantes a cuidar: sequência de concretagem, prumo, aferição da dimensão dos vãos, limpeza dos painéis, cuidado nas marcações (projeção) e sistema de segurança.
Ele também destacou pontos de atenção para esse tipo de projeto, como fazer uma boa avaliação da tipologia (todas as paredes de concreto, apenas paredes externas de concreto ou divisórias entre apartamentos em concreto), a escolha da grua, que deve cobrir toda a laje do empreendimento (raio), e a carga na ponta, que deve ser adequada ao que será içado. Por fim, abordou as características dos sistemas de formas para edifícios altos da SH: Lumiform SH 2.0 (alumínio), Lumisteel SH (aço) e Lumiup SH (sistema trepante). Veja a montagem destas formas e outros vídeos no canal da SH no YouTube. (https://www.youtube.com/user/SHBRASIL/videos)
Fonte: SH Formas
Concreto
Principal insumo do sistema parede de concreto, o concreto – em especial o concreto autoadensável – foi o tema tratado pelo engenheiro Luís Alberto Borin, da Abesc. Passando por ensaios e riscos de patologias, ele alertou para a confusão comum feita no mercado entre o concreto fluído, com abatimento na casa de 250 a 260 mm, e o concreto autoadensável (CAA), que além de fluidez deve oferecer também habilidade passante – facilidade de se esparramar na forma – e resistência à segregação.
“A dosagem do CAA é diferente da do concreto convencional. A pasta do CAA deve possuir certa viscosidade para envolver o agregado graúdo, a granulometria deve ser contínua e é maior a utilização de finos. E para melhorar ainda mais a coesão dos finos, o traço pode conter adições, como sílica, metacaulim”. Nesse tipo de concreto também é essencial o uso de superplastificantes, para garantir resistência e durabilidade. “O que é preciso deixar claro é que um concreto fluído não é um concreto autoadensável”, frisou Borin. O CAA é normalizado pela ABNT NBR 15823, que possui 6 partes (ver quadro).
Borin comentou os aspectos técnicos de cada parte da NBR 15823, com ensaios e propriedades exigidas. Mas alertou: “a norma tem 6 partes, mas no recebimento do concreto na obra não fazemos todos esses ensaios. No momento de estudo de dosagem do traço do CAA, aí sim se faz a caracterização avaliando todas essas propriedades. Em campo, com o concreto pronto para aplicação, fazemos os ensaios de espalhamento, habilidade passante e o T500, que é muito parecido com o ensaio de abatimento do concreto convencional”, explicou o engenheiro.
Depois de apresentar exemplos de algumas patologias, o especialista enfatizou que, para o sistema parede de concreto, o tipo de concreto ideal é o autoadensável. “Imagina uma parede com esquadria. Como vibrar o concreto embaixo da esquadria? Sem o CAA, provavelmente haverá problemas ali, nicho de concretagem, bicheira, coisa desse tipo.”
“Um ponto importantíssimo após a desforma é a cura do concreto, que pode ser feita com água ou aditivo químico”, acrescentou Borin. A função da cura é manuter a umidade e evitar a perda de água do concreto. “A gente nota que em muitas edificações esse processo não é feito. Podemos ter um concreto muito bem dosado, um sistema de formas ok, mas por falta de cura pode ocorrer algum tipo de patologia desse concreto”, disse.
Foto: Reprodução Abesc